No último dia 03 de julho de 2018, o Grupo Fulcro Abstração, grupo de teatro do IFMT - Campus Alta Floresta, realizou apresentação do espetáculo “Menino Minotauro”, texto do dramaturgo pernambucano Luiz Felipe Botelho e direção de Eduardo Machado, professor de Artes do Campus. A encenação ocorreu no Espaço Cultural TEAF e fez parte da programação em comemoração aos 30 anos do Teatro Experimental de Alta Floresta.
Para Ronaldo Adriano, ator e diretor do TEAF, a presença do grupo proporcionou alegria em dose dupla. Diz ele: “A primeira grande alegria foi acompanhar, mesmo entre as correrias de pré-produção e produção do Seminário de Cultura, os preparativos do elenco, professor Eduardo Machado (diretor do espetáculo) e Priscila, psicóloga do Campus. É sempre estimulante, especialmente para nós do teatro, ver jovens tão comprometidos e empenhados. Todos bem organizados e focados em suas áreas de atuação em prol do espetáculo. O Espaço Cultural TEAF foi tomado pelo Fulcro Abstração e a cada canto víamos os preparativos para o acontecimento teatral. É muito bonito ver o trabalho pré teatro e a sentir a energia que esse trabalho gera para alimentar e tornar possível o efêmero acontecimento teatral.”
Este espetáculo, que começou a ser ensaiado no primeiro semestre de 2017, fez sua estreia em Itumbiara-GO, em novembro do mesmo ano, durante a realização do Festival de Artes de Goiás, promovido pelo IFG e um dos principais eventos na área de Artes nos institutos federais. São 21 alunos-atores envolvidos para contar a história de Guga e sua amizade com um Minotauro, criatura meio-homem e meio-touro, que, sem razão aparente, passa a acompanhá-lo onde quer que ele vá. A peça fala de questões familiares, de amizade, de opressão, da descoberta do erotismo, da morte e, principalmente, da luta contra as imposições sociais e culturais e suas sufocantes máscaras que impedem a realização plena do ser humano. Nesse labirinto, é o próprio Minotauro quem aponta o caminho a seguir.
Para Marcelo Araújo, aluno do Curso Técnico em Administração integrado ao Ensino Médio e ator do espetáculo, “participar do grupo Fulcro Abstração é uma honra enorme, pois por meio dele, podemos crescer profissionalmente e fortalecer nossas conexões dentro do Campus, com alunos e professores também. A Arte precisa ser valorizada e por meio deste projeto, o acesso à ela se torna mais fácil. O grupo nasceu em 2016, porém, apenas em 2017 consolidou-se”.
O grupo de teatro integra o Projeto de Ensino Arte no Campus, do qual fazem parte ainda o grupo de Artes Visuais Imagini Ótica, a Oficina de dança e Oficina de Música. O projeto é coordenado pelo professor Eduardo Machado com a colaboração da psicóloga Priscila Ferrari Paulino. Para Eduardo, além de outros ganhos, “a experiência com a arte e especificamente com o teatro possibilita o contato com a reflexão, apreciação e produção artística, desenvolve habilidades sociais e relações interpessoais, aprimora o potencial criativo dos alunos, concentração, imaginação, autoestima, espontaneidade, através do trabalho em grupo, da expressão corporal e vocal, além da importante experiência de fruição para o público.”
No dia da apresentação, foram realizadas duas sessões lotadas e, além do público geral, estavam presentes algumas turmas de alunos do IFMT, acompanhadas pelos professores Elie Ivanoff e Marcelo Bruno. Para o professor Marcelo, professor de Biologia do IFMT – Campus Alta Floresta, estar no público de um espetáculo teatral “é uma experiência de retorno e significação de momentos da vida. Retoma experiências subjetivas, proporciona o pensamento crítico sobre o seu comportamento, no tempo-espaço. Literalmente mergulhamos no drama humano, sorrimos, choramos, vivemos os momentos proporcionados pelos atores. É fundamental para os estudantes vivenciarem os personagens e repensarem criticamente comportamentos, subjetividades, ideias pré-concebidas. O teatro proporciona momentos de vivência de emoções e construção da subjetividade. É fundamental para nossos jovens essa construção crítica. A vivência de um personagem é uma oportunidade de enxergar o outro e enxergar a si mesmo. Se a educação em nível fundamental não proporciona esse momento de constituição da personalidade, então há algo errado. O teatro e a arte são fundamentais para essa constituição.", conclui o professor.
Com uma opinião similar à do professor Marcelo Bruno, o ator e diretor Ronaldo Adriano acrescenta que “o teatro tem o poder de agenciar e proporcionar conexões, leituras e compreensões de mundo que vão muito além do usualmente imaginado no nível do senso comum. A experiência do espectador é muito potente, muitas pessoas certamente podem atestar isso. Mas há uma outra experiência que precisa ser notada e valorizada, que é a experiência proporcionada àquelas e aqueles jovens que se propõem a “fazer teatro” na condição de ator, atriz, diretor, técnicos etc. A sensibilidade da escola, gestores e professores, é essencial para isso. É preciso que as escolas sejam proativas para levar os alunos ao teatro na condição de espectadores, como para proporcionar-lhes a vivência do teatro na condição de agentes do teatro. No fundo não importa muito se esses jovens seguirão ou não a profissão de artista. A força do teatro – e de outras linguagens artísticas – extrapola fronteiras de profissões e acaba ajudando no exercício de qualquer outra atividade profissional. A segunda alegria que podemos destacar, foi ver a plateia e a cena tomada por estudantes que tornaram o efêmero acontecimento teatral uma realidade. Parabéns a toda a equipe do Grupo Fulcro Abstração. Que venham mais apresentações de Menino Minotauro e quais mais espetáculos vierem”, conclui.
